Marketing Político deve aliar estratégia a compromisso

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Um serviço do marketing exige tanto quanto os outros na capacidade de lidar com planejamento a longo prazo, cobranças excessivas e variáveis humanas que colocam em jogo o futuro de uma cidade, um estado e um país. A alta competitividade das eleições se reflete no crescimento do Marketing Político com uma estrutura estratégica para organização das campanhas que deve ser atrativa para o público sem perder o foco no compromisso dos candidatos.

O planejamento é uma das partes mais importantes da campanha. Para Marco Iten, especialista com 25 anos de experiência no ramo, uma campanha bem planejada começa no mínimo dois anos antes. Entretanto, é necessário que a campanha tenha a capacidade de se adaptar aos acontecimentos, conforme conta Chico Santa Rita, considerado pioneiro no assunto. “O planejamento tem que ser feito desde o momento em que o político vira candidato. Esse planejamento tem que ser dinâmico, alterando-se de acordo com as circunstâncias da eleição, com a indicação dos adversários e com as variações do momento político”.

Santa Rita afirma que o Marketing Político se utiliza de todas as ferramentas disponíveis para atingir o público. No entanto, nos últimos anos tem-se observado uma mudança de comportamento. “Tempos atrás, o Marketing Político era mais festivo, cheio de vinhetas... Agora está ficando mais político propriamente dito. Ou seja, sendo aquilo que sempre deveria ter sido: uma discussão política voltada para esclarecer o eleitor”, constata.

Ferramentas e estratégias

Os comícios populistas da Era Vargas não são estratégias tão populares hoje em dia. Décadas atrás, quando o acesso dos eleitores ao rádio e à TV era restrito, eles se constituíam como uma parte importante na divulgação das propostas dos candidatos. Atualmente, porém, além de serem proibidos em forma de showmício, por exemplo, a fatia do orçamento é dedicada principalmente às mídias eletrônicas, como TV e rádio.

Segundo Chico Santa Rita, que fez campanhas para Fernando Collor, Ulysses Guimarães, Mário Covas, Orestes Quércia, Romeu Tuma, entre outros, é necessário estar atento a todas as ferramentas possíveis a fim de fazer uma campanha completa. “O marketing político usa todo o instrumental disponível na propaganda, no jornalismo, na psicologia, na dramaturgia, etc. E todos os veículos que se possa usar para transmitir as idéias são importantes. Com o rádio e a TV como prioritários, deve-se planejar o uso adicional de galhardetes e santinhos”, conta.

As pesquisas de intenção de voto, embora sejam as mais divulgadas, são menos importantes que as pesquisas qualitativas, que muitas vezes guiam as estratégias de campanha ao questionar o eleitor sobre como ele vê a evolução do candidato. Iten explica que elas são capazes de mudar a campanha, o horário eleitoral e até as roupas do candidato. Ele ainda afirma que, especialmente num país grande como o Brasil, é preciso estar atento aos nichos de campanha, como Capitais, Estados e Regiões.

Modelo indica intenção de voto

Um instrumento relativamente novo, disponibilizado através da pesquisa acadêmica, é um modelo estatístico de previsão de votos de segundo turno. José Afonso Mazzon, professor da USP e um dos responsáveis pelo projeto, relata que um dos objetivos da pesquisa é prover os profissionais envolvidos com informações que evitem o desperdício de dinheiro e tempo. “Este modelo ajuda a saber onde concentrar os esforços de campanha”, elucida.

O modelo se baseia em dados que indicam em quem o eleitor votou no primeiro turno. Mazzon conta que, na maioria das vezes, o voto do primeiro turno é repetido no segundo e resta ao modelo calcular, segundo o perfil dos eleitores, em quem ele votaria no segundo turno caso o seu candidato não tenha passado para a etapa final. O modelo já foi testado nas eleições de 2002 e obtém um índice de acerto de 94%.

Apesar de toda a tecnologia e esforços a favor dos profissionais e dos políticos, as tendências indicam que o eleitor está mais consciente e os especialistas alertam que o que ganha mesmo uma eleição é a credibilidade e interesses comuns com os eleitores. “O marketing político é um instrumento de divulgação da candidatura. Não deve passar daí. O mais importante é o candidato, suas idéias e propostas”, conclui Chico Santa Rita.

Fonte: Mundo do Marketing

Voto é marketing. O resto é política

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Façamos, agora, uma analogia entre a carreira política e a de uma outra atividade profissional qualquer.

Na vida profissional, ao longo de 350 dias no ano, trabalha-se um fato depois do outro, a fim de que esses fatos cumulativos resultem em sucesso profissional. Nos últimos 15 dias, tiramos férias. Não queremos, então, nem pensar na nossa profissão. O político também exerce, ao longo da sua vida política, os fatos políticos. Ele acumula os fatos políticos, construindo a sua carreira. Num certo momento dessa carreira - a cada dois ou quatro anos - acontece uma eleição. Essa eleição, tal como as férias, é o momento de não pensar em política.

Assim como se tiram férias da profissão, também o político tira férias da política. Eleições são as férias da política. É o momento em que o candidato deve “esquecer” a política, porque os interesses políticos são, como veremos, minoritários na sociedade. As pessoas interessam-se pouco pelo fato político.

Elysio Pires define: “Política é tudo aquilo que você faz entre duas eleições”.

PERFIL DA ELEIÇÃO BRASILEIRA: urbana e populista

É preciso conhecer preliminarmente a equação eleitoral brasileira, que não é uma equação feliz. A escolaridade de 75% do eleitorado situa-se abaixo da quinta série primária. Só 25% têm cursos médios ou superiores. Temos 80% da população em áreas metropolitanas altamente urbanizadas, e apenas 20% ainda em áreas rurais.

Temos, infelizmente, uma população muito pobre: 62% têm renda mensal inferior a 5 SMs. Os segmentos A e B representam menos de 20% e todos os demais segmentos (C, D e E) representam 80%, ou seja, a maioria da população urbanizada é composta pelas camadas mais pobres. Essa equação é matemática: a eleição majoritária no Brasil resulta urbana e populista. A expressão populista tem um significado específico na ciência política; melhor chamá-la aqui de popular. O voto dos segmentos mais baixos e mais pobres da população é que decide, porque eles são os mais numerosos. Portanto, ou você agrada a esses segmentos de baixo ou perde a eleição.

IDEOLOGIA, POLÍTICA E ELEIÇÃO: três processos distintos integrados num só

É difícil compreender o Marketing eleitoral sem antes perceber que nele coexistem três processos diferenciados. O primeiro é o processo ideológico, campo das idéias políticas subjetivas e com alto grau de abstração. É conduzido principalmente por minorias intelectualizadas, e por isso se diz que “ideologia não rende voto”. O segundo processo é o político, território das ações objetivas, da luta pelo poder real, da troca das vantagens efetivas. É um campo pragmático, muito propício ao desenvolvimento do clientelismo, da fisiologia etc.. O terceiro processo é o eleitoral, que é o campo da grande massa desinteressada pela política e pela própria eleição. Ela só vota porque é obrigada; se não o fosse, nem se daria ao trabalho de ir às urnas.

Os três processos, embora ocorram em superposição, são intrinsecamente diferentes entre si. Portanto, convém analisar um de cada vez: ideologia, política e eleição.

1. O PROCESSO IDEOLÓGICO

O processo ideológico é o menos significativo do ponto de vista eleitoral. Ele ocupa um espaço muito pequeno. O que caracterizaria o processo ideológico? Ele é eminentemente subjetivo, idealizado, se passa na mente. É naturalmente intelectualizado, forçosamente elitizado, necessariamente minoritário. Ou seja, ideologia tem uma importância pequena na eleição, embora possa ser importante na política.

A proposta ideológica se restringe aos segmentos mais intelectualizados da sociedade. Ela tem um discurso nítido para a elite. Para esse homem “ideologizado”, eleição é mudar o mundo, independentemente de que o mundo queira ou não ser mudado, nem como. Frequentemente, o processo ideológico apresenta componentes autoritários.

2. O PROCESSO POLÍTICO

O processo político propriamente dito é de extensão social muito mais ampla. O que o caracteriza? Ele é objetivo e não subjetivo, trata de coisas concretas. Ele, portanto, é realista. Estamos falando da real politik, da “política real”. Ele é pragmático, clientelista, fisiológico, ou seja, um processo de trocas. Toda eleição é uma troca, uma troca material simplória: “toma essa grana aí, vou fazer uma ponte para você, botar uma bica na favela”; ou então trocas maiores: “vou trabalhar pela melhoria salarial e funcional dos professores”, ou “vou garantir a felicidade dos casais mal casados, através do divórcio”, como fez Nelson Carneiro. Ou seja, eu prometo algo e recebo o voto em troca. Portanto, é um processo de trocas, um tanto semelhante ao do marketing. O consagrado “modelo”Philip Kotler constitui o paradigma da categoria.

O processo político confunde-se com o fato político em sí: há negociações, troca de interesses pessoais ou corporativos, relativos à concretitude. É por isso que a política propriamente dita é o habitat natural do político profissional. Se para o “ideologizado” a eleição é mudar o mundo, para o político eleição é interesse - a
lei de Gérson em estado puro: que vantagem eu levo nisso?

3. O PROCESSO ELEITORAL

Num país como o nosso, onde o voto é obrigatório, o processo eleitoral passa a ser o mais importante de todos, já que quaisquer que sejam as suas idéias políticas, por melhores que sejam suas intenções de reformar o mundo e produzir a felicidade dos outros, você nada consegue se não chegar ao poder. Em um país democrático chega-se ao poder pela contagem inapelável, aritmética, da urna: quem tem mais votos,quem tem menos votos. Na urna cessam todas as discussões subjetivas. Contam-se os votos: quem tiver mais é quem ganha e é quem vai assumir o poder.

O que caracteriza o processo eleitoral? Ele se passa em nível simbólico, utilizando palavras-chave, sinais etc. Ele é impulsivo, francamente irracional, e atinge, freqüentemente, o nível do lúdico. Portanto, se assemelha bastante ao processo de consumo.

Paradigma desse enfoque é a “fórmula Seguéla” para as eleições presidenciais:
“Um gesto, um sonho, uma luta”. O resto é supérfluo.

A IMPORTÂNCIA RELATIVA DE CADA UM DOS TRÊS PROCESSOS NO RESULTADO FINAL DAS URNAS

As pesquisas mostram que, em média universal, o eleitor ideologicamente condicionado contribui com 15% dos votos na eleição típica. Alguns especialistas acham que este número deve ficar abaixo dos 10%. O eleitor politicamente orientado representa 35% dos votos. Assim, podemos dizer que os votos com motivação político-ideológica contribuem apenas com metade dos votos na urna. A outra metade é trazida pela propaganda eleitoral pura e “oligopolitizada”.

Esses 50%, que são obrigados a ir à urna porque a lei dita o voto obrigatório, votam da maneira mais leviana e apolítica possível. É aí que entra o marketing. Nós atuamos mais nessa segunda metade do que na primeira. Daí a impropriedade da expressão marketing político e a absoluta propriedade de marketing eleitoral,porque nós priorizamos a faceta eleitoral do processo político, que é uma faceta de fraca politização.

AS TRÊS “LEIS” FUNDAMENTAIS DO PROCESSO ELEITORAL

Se dermos aquí, à palavra “lei” um sentido relativo de “alta frequência”, mas não o sentido absoluto das leis da física ou da matemática, podemos dizer que o processo eleitoral é regido por três leis básicas:
- A da Indiferença;
- A da Procrastinação ou Adiamento Máximo;
- A da Efemeridade.

1. “LEI” DA INDIFERENÇA


A dez meses de qualquer eleição, mais ou menos 70% do eleitorado está indiferente ao fato político.

Faltando 48 horas para uma eleição, esses indiferentes ainda podem estar em torno de até 20%. Portanto, nós vamos lidar sobretudo com os indiferentes. Ou seja, administrar uma eleição é administrar o indiferente. O marketing eleitoral é a administração da indiferença.

Os ingênuos e amadores podem dizer: “Mas é preciso conscientizar o povo!”. Podem explicar o que quiserem, que o “povo” vai desligar a televisão, porque simplesmente não está interessado no assunto. Educar o eleitor é uma outra tarefa, muito mais complexa e que demandaria longos prazos históricos. Trata-se de um problema do chamado Marketing Social e não do Marketing Eleitoral.

Em situação normal, temos uma minoria pró, uma minoria contra,e a grande massa indiferente. O processo começa pela exacerbação desses prós e desses contras. A eleição avança, uma parcela deles vai se ampliando e os indiferentes vão diminuindo, através de um escalonamento: da indiferença à indefinição,da indefinição à indecisão, da indecisão à simpatia e, finalmente, a algum tipo de adesão. Jamais a uma adesão muito entusiasmada, mas moderada. O que manda é o centro moderado, que decide as eleições, e não os extremos estridentes.

Os extremos nos impressionam porque gritam muito. Mas cuidado! Eles significam pouca coisa, além de “som e fúria”. A Opinião Pública está no centro e ela representa a maioria, que é silenciosa. Só a pesquisa a acessa e mede.

INDIFERENÇA. A PALAVRA NÃO É FORTE DEMAIS?

Hesitei muitos anos em usar a expressão indiferente, perguntando-me se não seria melhor utilizar desinteressado, indeciso, indefinido. Depois, com Baudrillard, Gary Mauser, Maffesoli, Bourdieu e outros autores estrangeiros usando o termo indiferente, eu assumi a expressão. Mesmo quando - e ainda que - interessada nos fatos políticos do quotidiano, a maioria das pessoas tende a lhes ser relativamente indiferente e, consequentemente, muito mais imune aos seus efeitos do que - nós, os politizados - gostamos de crer. Muniz Sodré nos adverte que o cidadão comum percebe a política como uma esfera metafísica em relação aos seus interesses do cotidiano: ele tende a não acreditar que ela possa mudar a sua vida. Para Maffesoli a indiferença é a atitude que torna esse cidadão imune ao discurso persuasivo dos políticos.

UM EXEMPLO CLÁSSICO DA INDIFERENÇA

A tradição norte-americana do voto facultativo evidencia que o eleitor, legalmente desobrigado de ir à urna, não se interessa em votar (cerca de 50%). Até 1824, a eleição americana não foi popular e, nem por isso, menos democrática. Estamos falando de um dos berços da Democracia moderna, onde se dispensou o voto universal, direto e obrigatório. Na infância desse sistema, o voto foi seletivo e para sempre facultativo: apenas 6% da população eram qualificados como eleitores e só 3% compareciam às urnas. Para a Presidência ele continua indireto até hoje.

O voto popular só veio em 1828. Antes disso, em vários estados não podiam votar católicos, judeus e negros libertos. Só anglo-saxões protestantes - e proprietários de, no mínimo (conforme o estado), 50 acres de terra, ou 25 acres, com casa construída de 12 pés quadrados, ou bens no valor de 40 libras etc. Não se tratava de discriminação social, mas da defesa de um conceito de democracia: o de que só tinha direito a voto o cidadão com “evidente interesse pela comunidade”. As mulheres, essas tiveram que esperar pelo Século XIX para poder ir às urnas (1869) e o Século XX para a primeira delas ser eleita (1916).

Quando começou o voto popular americano, só 3,4% da população votavam. As décadas foram passando e a participação foi crescendo, mas mantendo-se em torno dos 50% do eleitorado: o récorde absoluto pertenceu à eleição Kennedy x Nixon, em 1960: 62,8%. Já em 1996, na eleição de Clinton, voltou a 49%.

Como o voto nos Estados Unidos nunca foi obrigatório, metade do eleitorado não comparece às urnas por indiferença ao processo. São os nossos 50%. Como aqui esses 50% são legalmente obrigados a comparecer, simplesmente temos que atuar sobre eles com recursos mercadológicos. Estão compreendendo como o marketing chega à eleição de uma forma lógica e como é relativa a expressão manipulação? Cesse-se o voto obrigatório e, aí sim, cairemos num tipo de eleição mais politizada e o marketing terá sua importância reavaliada.

INDIFERENÇA NA ELEIÇÃO - ALGUNS EXEMPLOS TÍPICOS NO BRASIL

EXEMPLO 1: PRINCIPAIS PROBLEMAS DA POPULAÇÃO

Na sua opinião, quais os problemas que mais o afligem nesse momento? Pois saibam que, de acordo com o IBOPE, a população aponta: desemprego, 71%; segurança, 57%; saúde, 40%; alimentação, 37%; instrução, 16%; limpeza pública, 15,6%; transporte, 11%; poluição, 10%; esgoto, 8,8%; iluminação pública, 7%; água, 3,8%; lazer, 3,6%, já estamos em 3,6%. Onde está a democracia? Onde está a liberdade? Onde estão os direitos humanos? Onde está a cidadania? Onde estão os valores políticos que nós, privilegiados, tanto prezamos e aos quais damos tanta importância? Estão presentes na alma popular? Não. O povo tem um baixo interesse por essas abstrações.

EXEMPLO 2: A ABERTURA E O FIM DOS GOVERNOS MILITARES

Quinze de outubro de 1981. O momento em que os governos militares cessam o regime fechado e vem a grande abertura. Como nós, politizados, ficamos felizes com isso, como vibramos, como entendemos que a nação tinha chegado a um grande momento político. É? Vejamos: a favor da abertura política, 52%; contra, 7%; os demais 41% “nunca ouviram falar” em abertura, tanto fazia se abrisse ou fechasse.

Se eu tenho ônibus na esquina, o meu salário em dia, a comidinha garantida e a criança na escola, eu quero que a abertura ou o fechamento se danem, literalmente. Claro que se nos projetamos nas classes socioeconômicas, as coisas ganham outro sentido. Mesmo assim, na classe A, 5% “nunca ouviram falar” em abertura. Na classe B, esse índice aumenta para 21%; na classe C, 34%; na D, 62%; e na E, 81%. Estão sentindo porque a eleição brasileira é urbana e populista? Porque lá embaixo os fatores políticos influenciam pouco.

EXEMPLO 3: CONSTITUINTE E OUTROS TEMAS

Jornal do Brasil, uma pesquisa GERP. Constituinte. Nunca ouviram falar em Constituinte, 29,8%; pacto político, 59%; eleição em dois turnos, 65%. Qualquer um desses assuntos nos entusiasmou. Qualquer um desses assuntos nos fez vibrar, mas pouco disse à massa da população. Nós, aqui reunidos, não somos uma amostra representativa do Brasil. Não somos representativos da massa brasileira. Somos uma elite. Vocês todos, sobretudo alunos, têm que ter consciência de que são elite, elite, elite, elite. O que vocês pensam, sentem e vêem, não é o que o povo brasileiro pensa, sente e vê. Esse realismo específico do homem de marketing tem um certo componente chocante.

EXEMPLO 4: A ANISTIA NO GOVERNO FIGUEIREDO

Muito chocados? Vejam aqui, na nossa querida e famosa anistia. No dia em que o presidente João Baptista Figueiredo decretou a anistia tivemos a seguinte configuração: não deve ser concedida - os radicais com 8%; deve ser concedida de um modo amplo, total e irrestrito - outro tipo de radicais, do lado oposto, com 18%; e concedida com restrições - com relação a atos de violência, morte e corrupção - 62%. Ali está a opinião pública. Moderada, cautelosa, mediana. O grande centro dessa curva gaussiana: a famosa “maioria silenciosa”, omissa, que não se manifesta em voz alta. “O meio fala baixo”, disse Mitterrand. Esta opinião pública só tem um instrumento para ser medida por nós que atuamos na eleição: chama-se pesquisa.

A opinião pública está pouco presente nos veículos de massa, que são representativos apenas da sua audiência principal, necessariamente segmentada e, por isso, restrita. Os mídia são projetivos da opinião própria dessas audiências particulares. A opinião pública é silenciosa, oculta - só a pesquisa pode descobri-la.

EXEMPLO 5: FHC E JÂNIO DISPUTAM A PREFEITURA DE S.PAULO

A eleição é a administração da indiferença e lhes dou aqui um exemplo perfeito: Eleições de 85 para a Prefeitura de São Paulo: Fernando Henrique Cardoso e Jânio Quadros. Ambos aparecem lá em cima, empatados, em torno de 30%. Quando uma eleição se configura com os dois primeiros com 30%, ela se apresenta, estatisticamente, no melhor estágio de leitura e percepção dos seus mecanismos. Quando um contendor está muito à frente, esses mecanismos ficam obscurecidos. Mas quando é 30% a 30%, o processo se revela com nitidez nos gráficos. Às vésperas da eleição, a diferença entre os dois é pouco menos de 3%. Eduardo Suplicy vem subindo de 5%, atingindo até 16%. Entram, no dia 27 de outubro, 17,5% de indiferentes. Vejam que a diferença entre os dois primeiros é de 3%, então existem 6 vezes mais pessoas não resolvidas na véspera da eleição. Quem vai resolver? Os 17%, que são os indiferentes. Estão entendendo por que nós administramos as indiferenças? Aí você acusa o instituto de pesquisa: “Ah, mas os institutos erraram!” Eles não podem prever, isso é imprevisível. Ninguém sabe para onde vão aqueles 17%. Você só vai saber na boca-de-urna, na pesquisa feita minutos antes de o eleitor depositar o voto, mas aí não adianta mais nada. No que se refere a essa eleição, os três institutos coincidem: o número de indiferentes é sempre cinco a seis vezes maior que a diferença entre os dois primeiros candidatos.

EXEMPLO 6: NUNCA SUBESTIME UMA ANEDOTA...

Etimologicamente, a palavra anedota vem do grego ana (de baixo pra cima) e do latim doctu (sabedoria): a sabedoria que vem de baixo, que vem do povo.

Um líder da maioria dos deputados na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro me diz o seguinte: “Tenho três níveis de politização do meu eleitorado: para o não-politizado, prometo consertar a calçada. Evidentemente existe um nível superior, para quem eu prometo pavimentar a rua. Acima deste está o francamente politizado, e para esse eu ponho luz na rua. Agora, não saia da rua dele que você vai perder voto”. É claro que isso é uma caricatura, mas diz uma verdade que J.Moacir de Medeiros enuncia nesta escala: o eleitor primeiro prioriza a casa dele, e depois a rua, o bairro, a cidade e o estado. O país sempre é algo mais distante dele. Por isso, considero que o Marketing eleitoral se traduz exatamente nisso: na administração da indiferença. Indiferença por tudo aquilo que não for mais concreto, mais próximo, mais imediato.

INFLUÊNCIA PROVÁVEL DO VOTO FACULTATIVO E DO VOTO DISTRITAL

Por tudo isso, acredito que o voto facultativo será fator relevante na mudança do papel do Marketing eleitoral de hoje. Os publicitários não terão mais essa mesma atual intervenção no processo eleitoral, que considero civicamente duvidosa na medida em que se dirige a um eleitor indiferente que é obrigado a votar. O voto distrital seria um outro fator que aproximaria os candidatos proporcionais do seu eleitorado. Como o eleitorado seria limitado ao distrito, a propaganda seria menos decisiva e o candidato teria que buscar seu voto pessoalmente, face a face com o seu eleitor.

2. “LEI” DA PROCRASTINAÇÃO OU DO ADIAMENTO MÁXIMO

Tudo o que é desagradável, a gente deixa para amanhã... Quando é mesmo que a gente faz a matrícula? É um mês antes ou na véspera? Quando é que a gente faz a loteria esportiva? No dia. Quando é que a gente declara o imposto de renda? Não no dia, porque a gente sabe que vai ser prorrogado mesmo... É no último dia da prorrogação. A eleição também está sujeita a isso. Eleições são decididas na reta final, nos últimos 60 a 30 dias.

O interesse da massa pelo processo eleitoral só se intensifica no período final. É por isso que a boca-de-urna cresce cada vez mais de importância, na medida em que as decisões tendem para os últimos dias. A eleição de Erundina para a prefeitura de São Paulo em 1988 foi bem típica nesse particular: 22% dos seus votos foram obtidos nas últimas 48 horas.

A eleição de 82 para governador no Rio de Janeiro é bastante característica. Sandra Cavalcanti abriu com alta pontuação. No mês de junho, Leonel Brizola e Moreira Franco estavam lá embaixo. Aqueles favoritos de primeira hora despencaram completamente e a eleição mesmo começou em julho, exatamente 60 dias antes. Meu querido amigo Wagner Teixeira, que orientava Brizola, se é que alguém orienta o engenheiro, procurou-o em março e ele disse: “Quando faltarem dois meses você me procura, que a gente discute esta campanha”. Muito experiente, ele sabia que era cedo para se preocupar com isso.

Um exemplo clássico brasileiro, de última hora, é a eleição em que Negrão de Lima derrotou Flexa Ribeiro, candidato de Carlos Lacerda. Negrão aparece 15 dias antes e ganha a eleição com 15 dias apenas. Portanto, na reta final, Flexa cai e Negrão ascende rapidamente.

Outro exemplo ilustrativo é a vitória de Quércia sobre Ermírio, pelo governo de São Paulo, em 1986.

3. “LEI “DA EFEMERIDADE

A nossa saudosa mestra Prof. Lucia Reis ensinava: “Eleitores são como criancinhas: hipervigis e hipotenazes”.

Nossa massa votante tende a se comportar como as crianças pequeninas, que se interessam vivamente pelo brinquedo novo, mas que se cansam muito depressa dele e logo passam a interessar-se por outro. Portanto, os políticos não devem esperar muita fidelidade do seu eleitorado. Devem encarar a realidade de que seu eleitorado tende à inconstância, à efemeridade e à infidelização.

O grande vitorioso de uma eleição, com 60% dos votos, pode ser um fracassado na eleição seguinte. A preferência do eleitor médio tende a uma efemeridade crescente. Por isso, o timing - a consciência do tempo oportuno - é um fator essencial na estratégia eleitoral.

UM NOTÁVEL EXEMPLO BRASILEIRO: o Plano Cruzado de Sarney

A popularidade de José Sarney, em maio de 85, estava em 13%. Em janeiro de 86, menos 36%; odiado, derrotado, ninguém mais ama Sarney. Apenas três meses depois, em março de 86, o Plano Cruzado. Esse homem que contava com menos 36%, passa a 68%. Em dezembro de 86, ele volta a ser odiado com menos 22%. Em poucos meses foi do fundo do poço às glórias e às alturas. O que determinou isto?

Vamos pegar a curva da inflação. O ponto de partida, com a inflação em 7,8%, sua popularidade está em 13%. A inflação sobe e atinge 17,8% e a popularidade dele cai a menos 36%. Com o Plano Cruzado, a inflação cai a menos 1%, sua popularidade sobe a 68%. O Plano Cruzado corresponde aos índices, a inflação torna a subir para 7% e ele já cai a 22%.

Reparem a exatidão aritmética com que a inflação sobe e a popularidade cai: a inflação cai e a popularidade sobe. Vocês têm - agora - alguma dúvida da eficácia do Plano Real? Estão entendendo a sofisticação eleitoral do Plano Real? Ele teve fundamentação histórica. Sabemos como a população se comporta no Plano Real, porque o quadro se repete com exatidão, geração após geração: economia estável, população contente, Presidente forte. Trata-se de comportamentos humanos, acima de tudo, em qualquer eleição, tempo e lugar.

UM EXEMPLO TÍPICO E CORRIQUEIRO: convenções e eleições nos Estados Unidos

A eleição Ronald Reagan x Jimmy Carter. Antes da Convenção Republicana, Reagan está em baixo; entra a Convenção Republicana, Reagan sobe e Carter cai. Vem a Convenção Democrata. Carter sobe e Reagan cai. Portanto, políticos não devem afligir-se com subidas e descidas. A movimentação político-eleitoral é uma montanha-russa. Não fiquem aflitos porque o candidato está decaindo, nem fiquem muito eufóricos quando o candidato está subindo. Eleição é isso mesmo, sobe e desce, sobe e desce.

ELEMENTOS DA TEORIA DOS CICLOS

Candidatos, situações e temas são efêmeros, duram pouco. Eles têm uma curva de crescimento, apogeu e decadência muito rápida. Os ciclos de interesse não se superpõem: em cada momento eleitoral há um ciclo dominante. Agora, o assunto violência é o predominante. Emprego aparece um pouco, saúde também, mas a violência domina e as pessoas estão encantadas com a hipótese de intervenção do Exército na favela, achando que essa é a solução. Cada ciclo ocupa um momento. Só há um interesse dominante em cada ciclo. Através da pesquisa temos que informar ao nosso candidato a posição em que se encontra o ciclo de interesse, e ele tem que trabalhar naquele ciclo no momento exato. Trabalhar num ciclo, num momento em que não há interesse, é uma “furada”.

Ciclos de interesse são autônomos, nascem por si mesmos. Ninguém domina um ciclo de interesse. Eles são gerados por circunstâncias sociais, econômicas e históricas. Todos os candidatos vão prometer agora acabar com a violência, em todos os níveis. É possível prever que, até 15 de setembro, estará estabelecida, tal como nas eleições anteriores, a redução da ansiedade em relação à violência. Reduzida essa ansiedade, uma outra ansiedade logo virá à tona: talvez saúde, talvez desemprego, talvez uma outra coisa. Os candidatos devem ser bem orientados, devem ingressar nesses ciclos nos momentos em que estão em ascensão, abandoná-los antes que comecem a decair e substituí-los logo pelo ciclo vindouro. De pouco adianta você continuar falando num assunto para o qual deixou de haver - ou não há ainda - receptividade espontânea.

CONCEITO DE “ENCOMENDA SOCIAL”

Repito: à revelia da predisposição, nenhuma manipulação prospera. Nós trabalhamos nas predisposições, nas emergências do novo, ou seja, no ramo da “encomenda social”. A sociedade faz a sua “encomenda” de forma inconsciente. As expectativas públicas se concentram estatisticamente num fator dominante que nós medimos pela pesquisa. E temos que atender àquele fator naquele momento. Não atenda aos outros, porque os outros são minoritários, as pessoas não estarão prestando atenção. Os políticos sabem disso.

Vocês acham que teria cabimento lançar uma campanha durante a Copa do Mundo? Claro que não. Porque o interesse público estava concentrado na Copa do Mundo. Os políticos, sabiamente, esperaram acabar a Copa para entrar agora num novo ciclo de interesse eleitoral.

REJEIÇÃO E ANTI-VOTO

UM MODELO TÍPICO: Reagan x Carter

É bom lembrar o antivoto ou voto negativo; não se vota só a favor, vota-se contra também. Aí está de novo a eleição Reagan/Carter. De cada 100 votos colocados na urna com o nome de Reagan, apenas 46 foram dados por seu mérito; 43 foram contra Carter. O mesmo ocorreu com Carter. De cada 100 votos entregues a ele, 59 foram por seus méritos, mas 34 foram contra Reagan. Em uma eleição há sempre um tertius, e muita gente fica vaidosa quando pensa que é esse tertius. Na realidade, ele é apenas o homem para o qual confluem as rejeições aos outros dois. No caso do Anderson, apenas 30% votaram nele por seus méritos. Quem não gostava do Carter nem do Reagan, votava no Anderson: 61%.

O PAPEL DO “TERTIUS”: Ross Perot x Os Outros

Nas eleições americanas de 94,12% votaram em Ross Perot porque ele era coerente com seus objetivos; 24% porque ele tinha condições de liderança; e 52% porque detestavam todos os outros candidatos. Então, vejam que os índices de rejeição têm uma importância crescente na análise da pesquisa. Isto porque as pessoas, às vezes, votam a favor de um candidato apenas para mostrar como detestam o outro. Portanto, cuidado: não olhem apenas os apoios. Um bom técnico se debruça muito nos índices de rejeição e procura analisá-los profundamente.

A ELEIÇÃO, CADA VEZ MAIS, É UMA FESTA

Há, hoje, elevada unanimidade empírica e teórica em que, cada vez mais, as eleições integram-se no entretenimento. As convenções partidárias norte-americanas são o paradigma mais ilustrativo disso.

Autores renomados como DaMatta, Balandier e Schwartzenberg têm discorrido sobre o tema. Recentemente, Neal Gabler produziu um trabalho notável a respeito. Kathleen H. Jamieson mostra “que sempre foi assim” e nos dá 200 anos de exemplos históricos da essência carnavalizante da eleição democrática.

A promoção eleitoral passa-se em nível análogo ao do consumo de bens. Nela predominam o lúdico, o alegre, as simpatias gratuitas, as rejeições intuitivas. A propaganda eleitoral vende a idéia de que a eleição é festa, “oba-oba”.

(Cid Pacheco coloca a máscara do Super-Helinho e a platéia ri). Vocês estão achando graça? Não achem graça, eu não estou falando de uma brincadeira. Estou falando de 1,3 milhões de votos. Como “Super-Helinho”, Hélio Ferraz teve a terceira colocação para senador do estado do Rio. Seu programa básico era: “Ai como dói, neste país, ser super-herói”. Mais de um milhão de votos com uma máscara e um slogan engraçado.

Cansei de ver em pesquisas qualitativas chefes de família dizendo: “Vou votar no Super-Helinho, as crianças lá em casa se amarram nele". Esse é um motivo de voto. É dessse tipo de voto, que é majoritário, que estamos falando aqui.

Isso me faz lembrar de outras figuras. (Cid coloca os óculos coloridos da campanha de Fernando Collor à presidência). Vocês acham graça? Milhares de eleitores também acharam graça e votaram. O processo eleitoral é isso: uma enorme brincadeira, uma festa, um “oba-oba”, pois é regido pelo princípio do prazer. Como a propaganda comercial, propaganda eleitoral é bem compreendida e bem realizada pelos publicitários dos produtos de consumo. Mas geralmente é mal assimilada pelo político tradicional e fracamente compreendida pelos fortemente “ideologiza-dos”.

EXEMPLOS E ADVERTÊNCIA: como uma eleição democrática pode gerar uma ditadura

Eleições democráticas não são uma garantia de produção de governos democráticos. Várias vezes, na História, o voto livre e legítimo levou a regimes liberticidas. Ao formular os princípios clássicos da Democracia, que vieram a reger o exercício da Política na civilização ocidental, Aristóteles já previra os desvios implícitos da via democrática: a oligarquia, a demagogia - e a tirania.

Tiranos, demagogos, carismáticos, “iluminados” de vários tipos, algumas vezes compreenderam, com acuidade, a natureza essencial da eleição democrática e usaram-na para a conquista eficaz do poder, derrotando oponentes melhor intencionados mas incompetentes no jogo eleitoral.

O Século XX, com as suas típicas e marcantes ditaduras totalitárias, como tão bem Bertrand Russel o percebeu - foi rico em exemplos de distorções do processo eleitoral democrático. Do talento pervertido de Huey Long, nas décadas de 20 e 30, na Louisiania, EUA, ao caso-limite do gênio maligno de Adolf Hitler, a partir da eleição democrática da República de Weimar, ficou patente que a eleição moderna era “para profissionais”.

A massificação dos eleitorados e da Mídia tornou as eleições um processo de grande complexidade, exigindo o domínio eficaz da nova “tecnologia eleitoral”. Pesquisa, análise, propaganda, logística etc. passaram a ser campos de grande sofisticação, árduos para os leigos e não-especialistas, e de baixa viabilidade para os que neles pretendem entrar guiados apenas por pretendida intuição “a sentimento”.

São grandes, pois, os perigos inerentes aos processos democráticos, quando, por falta de competência, não se compreendem os mecanismos intrínsecos do processo eleitoral. Portanto, a maior defesa da democracia, a melhor defesa de nossas liberdades, é o que aqui estamos fazendo: a difusão ampla das técnicas que regem esse tipo de procedimento. Conhecendo-as é que estaremos de fato nos protegendo. Na medida em que não as conhecemos, estaremos vulneráveis a manipulações. Conhecendo-as, não. Saberemos criticamente, exatamente, o que querem fazer conosco. Cidadãos responsáveis, que têm a seu cargo o futuro político do país, cada vez mais têm a obrigação de conhecer estes mecanismos. Com coragem, com maturidade. Papai Noel não existe; exceto, claro, para o Albano Reis. E, evidentemente, não são as cegonhas que trazem os bebês. Compreendendo essas duas realidades elementares podemos, então, conversar sobre Marketing eleitoral. Como adultos maduros e realistas.

Ou, como dizem os ingleses sobre eleições: é o momento de separar homens de meninos.

VOTO É MARKETING
... O RESTO É POLÍTICA


Em 1992, para titular um livro editado por meu caro amigo Rodolfo Grandi, criei este aforismo bem humorado, que veio a ganhar notoriedade.

Mais tarde, minha amada e saudosa amiga Lucia Reis acrescentou-lhe uma sábia interrogação: Voto é Marketing? - que passou a designar a série de seminários, de grande repercussão, realizados por ela para o Numark - Núcleo de Marketing da ECO - Universidade Federal do Rio de Janeiro.

É por fatos como os aqui expostos que me inclino cada vez mais a dar resposta à pergunta daquele seminário. No momento atual, acredito que sim, voto é Marketing. Mas não pretendo impor nenhuma verdade definitiva. Sempre que vejo alguém com alguma convicção muito sólida, fico na dúvida se aquilo é sinal de elevado caráter moral ou um sintoma incipiente de arteriosclerose. Por isso, prefiro manter a pergunta: voto é Marketing? A resposta será sempre dada pelo eleitor. Nas urnas. O resto é política...

Por Prof. Cid Pacheco

Fonte: Voto Hoje

Financiamento de campanha e reforma política



A crise que domina o cenário político nacional nos últimos três meses, renovou o debate acerca do modo de financiamento das campanhas políticas, mas este é um assunto que já venho discutindo há algum tempo. No final do ano de 2003, escrevi um pequeno artigo sobre o tema, publicado no site jurídico DireitoNet, em que expus minhas dúvidas e críticas a respeito dessa problemática.

Defende-se o financiamento público das campanhas políticas como uma forma de evitar, o abuso do poder econômico, malversação dos recursos públicos e a existência do famigerado "caixa-dois", cujos recursos, em última instância, provêm mesmo é dos "cofres públicos".

Porém, prevalecendo o sistema atual de controle da Justiça Eleitoral sobre as prestações de contas das campanhas e o atual processo eleitoral, com possibilidades de realização de showmícios, carreatas, distribuição em massa de camisas, panfletagem, utilização da mídia de out-door, da caríssima, editoração dos programas de televisão e intensa utilização de jatinhos pelos candidatos aos cargos mais importantes do país, o dinheiro público será utilizado apenas para complementar os recursos privados e de origem duvidosa.

Idéia interessante, acerca do financiamento público das campanhas políticas, foi lançada por MARCOS CINTRA, ex Deputado Federal pelo PFL/SP, no qual ele sugere que, no caso do financiamento público, os recursos fiquem à disposição da Justiça Eleitoral que, com o auxílio dos Tribunais de Contas, teria o total controle sobre a legalidade das despesas e, principalmente, sobre o pagamento das despesas.

Na modalidade acima o financiamento público das campanhas políticas conseguirá atingir seus republicanos objetivos, do contrário, será uma lástima.

A legislação poderia, também, prever penas mais rigorosas para os políticos e partidos que descumprissem a legislação do financiamento público das campanhas, com punições que possibilitassem cassações de registros, suspensão de direitos políticos e perda dos cargos.

Desde já, entretanto, sei que será difícil a aprovação de qualquer reforma na legislação eleitoral que possa valer para as próximas eleições, haja vista os problemas que o Congresso Nacional enfrenta, além das limitações formais e temporais estabelecidas pela Constituição Federal (art. 16, CF/88), que compõem o chamado princípio da anualidade da lei eleitoral.

Além da questão do financiamento, verdadeiro "calcanhar de Aquiles" da política nacional, outros pontos são importantíssimos e que deveriam ser levados em consideração, conforme sugerido pelo Professor MARCOS RAMAYNA (editoraimpetus.com.br) tais como:
a) modificação do conceito de domicílio eleitoral previsto no artigo 42, parágrafo único do Código Eleitoral;
b) regulamentação da ação de impugnação ao mandato eletivo prevista no artigo 14, §§ 10 e 11 da Carta Magna;
c) regulamentação do princípio da moralidade pública para o exercício dos mandatos eletivos prevista no artigo 14, § 9º da Carta Magna;
d) definição dos prazos iniciais e finais de propositura da representação prevista no artigo 22 da Lei Complementar 64, de 18 de maio de 1990;
e) alteração do artigo 41-A da Lei 9.504/97 que trata da ação de captação ilícita de sufrágio;
f) sanções efetivas para a inadequada prestação de contas de campanhas eleitorais e prazo maior de exame pela Justiça Eleitoral;
g) aumento dos prazos de inelegibilidades para os candidatos que tenham abusado do poder econômico e político durante as eleições;
h) definição exata do rito processual e sanções decorrentes da prática de condutas vedadas aos agentes públicos durante as campanhas eleitorais.

Acaso alguma coisa não seja feita pelos Srs. Congressistas, cada vez mais um Deputado ou Senador valerá menos no conceito popular.

Por Augusto N. Sampaio Angelim

Fonte: Boletim Jurídico

Operação fiscaliza propaganda eleitoral irregular

quarta-feira, 21 de maio de 2008



Operação conjunta do TRE, do Ministério Público e da PM começou a fiscalizar a propaganda eleitoral fora de época. Em Magé, foram encontradas placas que beneficiariam pretendentes a cargos públicos.

Fonte: Globo

Sinceridade e propaganda política



Você já se sentiu incomodado quando, ao ver uma propaganda política na televisão, observou que não havia sinceridade na fala, no encadeamento das palavras? A sinceridade é hoje um bem dos mais preciosos. É algo que pode ser o diferencial em nossos relacionamentos, sejam familiares, sejam no âmbito de nosso ambiente de trabalho. Muitas vezes vejo a propaganda de um partido político e comparo com outra, e então me dou conta de que todas elas têm algo em comum. Elas prometem sempre o bom, o belo e o justo. Oferecem uma nova sociedade, uma nova maneira de solucionar problemas seculares. É como se os personagens discorressem ininterruptamente sobre um país ou mundo fictício. A democratização da informação tem afiado em nós o senso critico. Hoje em dia sabemos, com maior probabilidade de acerto, o que parece mais certo que errado, ou mesmo o que é menos prejudicial em termos de políticas públicas. O que não podemos deixar de lado é o fato de que somos responsáveis pelo avanço ou pelo atraso da sociedade. Ter opinião e não se omitir em oferecê-la é uma questão inescapável.

Por Washington Araújo

Fonte: Cidadão do Mundo

Propaganda política pode ser proibida em templos



"Os meios de propaganda para cada candidato devem ser equivalentes, com acesso mais ou menos uniforme a todos." diz Souza.

O Projeto de Lei 1785/07, do deputado Carlos Souza (PP-AM), proíbe propaganda partidária ou de candidatos em igrejas, sinagogas, centros espíritas, terreiros e demais templos religiosos. A proposta veda, inclusive, a propaganda realizada por meio de orações, missas ou outras celebrações de homenagens.

Carlos Souza argumenta que somente medidas que propiciem a isonomia de oportunidades entre os candidatos podem garantir a normalidade e a legitimidade de uma eleição. "Os meios de propaganda para cada candidato devem ser, dentro do possível, equivalentes, com acesso mais ou menos uniforme a todos os participantes", destaca.

A Lei 9.504/97, que normatiza as eleições, proíbe propaganda em lugares públicos, como viadutos, passarelas e pontes. Para o deputado, igrejas e outros templos são locais de acesso público, tanto quanto esses citados pela lei. "Desse modo, a propaganda ali realizada pode afetar o equilíbrio do pleito, ainda considerando-se o fato de que os fiéis tendem a seguir os conselhos e recomendações que recebem de seus pastores", afirma.

Tramitação

Em regime de prioridade, o projeto foi encaminhado à análise da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania e terá de ser votado também pelo Plenário.

Fonte: Jornal da Cidade

Internet, propaganda política e o saco cheio



Com o parecer dos técnicos do TSE proibindo a propaganda política pela Internet. Proibindo inclusive que os candidatos mantenham sites ou blogs além dos seus sites específicos para a campanha municipal deste ano, fica vedado qualquer tipo de campanha eletrônica. Spam, telemarketing, mensagens de celular, links e banners, participação em chats e outras coisas ligadas à rede.

O que pode parecer, a primeira vista, uma boa idéia. Na realidade configura-se em um favorecimento ao grande capital. Pois, seria muito mais fácil teoricamente, um candidato com poucos recursos atingir o eleitorado.

Assim, mantendo-se como válidos apenas os batidos e antiquados sistemas de sempre; horário eleitoral da TV, panfletos, galhardetes, outdoors e outras coisas que emporcalham as cidades, o TSE decreta a continuidade da morte ao candidato “anônimo”. Aquele sujeito, muitas vezes bem intencionado e até mesmo preparado, que quer concorrer a um cargo eletivo; mas, por não ter “patrocinadores” fica de fora da disputa e sequer tem seu nome conhecido pelo eleitorado.

Dizer que o horário gratuito é uma fonte de propaganda justa e eficiente; é o mesmo que tentar fazer um mudo a cantar ópera. Um absurdo. Mais uma vez, a visão retrógrada e anacrônica da realidade nacional. Fechar a Internet e o acesso a blogs e a mensagens para eleitores cadastrados ou interessados é cercear o direito a informação e impedir que o bom candidato não pactuado com grupos econômicos consiga seu intento. Pois o mais estranho nas eleições é o fato de que muitos vereadores, deputados e políticos em geral, gastem em suas campanhas políticas, várias vezes o valor de seu patrimônio.

É lógico que são patrocinados e têm esses valores cedidos em “doações” de campanha. Mas o interessante, é que logo após serem eleitos, surgem projetos e obras que sempre beneficiam os “doadores” ou os setores em que atuam.

Enquanto não popularizarmos o acesso à vida pregressa de cada candidato; bem como possibilitarmos que campanhas de baixo custo se multipliquem e se mantenham, nossa política continuará dominada por falsos “libertadores” que, na realidade, são pagos por grandes empresas e conglomerados para que defendam os seus interesses no congresso ou nas câmaras municipais.

Normatizar, fiscalizar e garantir a lisura do processo é o dever do TSE. Contudo, proibir que meios de baixo custo e grande penetração sejam usados; é apenas uma decisão equivocada para manter privilégios.

A desculpa que não há normas específicas é errada. Pois a legislação eleitoral tem regulações e dispositivos que podem ser claramente aplicados aos meios eletrônicos. É como a lei penal. Se você incita alguém ao suicídio pela Internet; mesmo que você nunca tenha visto essa pessoa, você comete um crime e é enquadrada no código penal. Lá, não está escrito: “Incitar o suicídio na Internet”. Mas está escrito que incitar o suicídio é crime e essa determinação, vale para o mundo virtual e o real. Sem necessidade de legislação específica. Acontece apenas que, mais uma vez, a visão procrastinadora e comodista de nosso judiciário, fala mais alto. Nossos juízes têm preguiça de pensar e interpretar leis e querem tudo escrito “letra por letra”. Se não; não vale. Essa “preguiça institucional” enche o saco de qualquer um e atrasa o país, favorecendo a corrupção e os desmandos.

Agilidade e modernidade já. Essas devem ser as metas do judiciário brasileiro, e não se escarafunchar apenas na lama dos privilégios e da morosidade.

Fonte: Visão Panorâmica

Propaganda política degradante



As regras para a propaganda política estão mais rigorosas. Isso é reflexo de todos os problemas que o sistema tinha, que ficaram evidenciados nos esquemas de corrupção do mensalão, bingos e etc. Showmícios foram proibidos, espalhar cartazes também foi proibido.

A intenção é, ao teoricamente reduzir os custos de campanha, diminuir a necessidade de fontes “não-oficiais” de financiamento, evitando os problemas já conhecidos. Por outro lado, cartazes com apenas uma foto, o nome e o número do candidato não ajudam em nada o eleitor a fazer uma escolha consciente.

Mas, como é de se esperar, os candidatos estão dando “um jeitinho” de proliferar suas fotos e números pela cidade. Contratam postes vivos, cuja função é descaracterizar o cartaz como sendo um cartaz. Contratam pessoas cujo trabalho é servir de apoio para um cartaz com uma foto sorridente. Talvez não por mera coincidência, a altura do cartaz é sempre suficiente para cobrir o rosto de quem o está segurando.

Embora esses cartazes não tenham escrito neles nenhuma frase sobre as propostas de sua candidatura, servem de forma fabulosamente clara para obter informações profundas sobre a pessoa que ele é. Se utiliza de pessoas de mente, carne e osso, como um objeto inanimado. A pessoa não tem rosto nem fala. É simplesmente usada como suporte para um papel.

Quais serão os conceitos que esses candidatos têm sobre os seus eleitores? Como ele irá pensar em suas necessidades se for eleito? A dica está aí.

Fonte: Nacio

A semiótica na propaganda política brasileira



Apresentamos, sem detalharmos muito, as noções teóricas da manipulação na semiótica objetal e a análise de dois textos da revista Veja, assim distribuídos: um sobre a declaração de FHC sobre Roseana SARNEY e outro, a reportagem sobre Roseana.

Perspectiva Teórica

Observamos, inicialmente, que a manipulação, no âmbito da semiótica objetal, está inserida na sintaxe narrativa de superfície quando determina as funções sintáxicas dos actantes em dois grupos subdivididos. Assim, temos:

O sujeito do fazer-querer

A modalidade /fazer-querer/ compreende a vontade do sujeito destinador tornar alguém competente. Enquadram-se neste conjunto a sedução e a tentação.

1.1 - A sedução é expressa pelo elogio do sujeito destinador para o sujeito destinatário. Por exemplo:

– Você é uma pessoa prestimosa!

– És muito disposta e trabalhadeira!

1.2 – A tentação envolve valores materiais entre a comunicação do sujeito destinador para com o sujeito destinatário. A mesma ocorre quando o sujeito destinador oferece suborno ao sujeito destinatário, como por exemplo:

– Quando o governo norte-americano oferece cinco milhões de dólares para aquele que souber do paradeiro de Osama bil Laden.

O sujeito do fazer-dever

A referida modalidade do /fazer-dever/ implica numa obrigação entre o sujeito destinador para com o sujeito destinatário. Faz parte deste contexto à provocação e a intimidação.

2.1 – A provocação é desafiadora. A mesma leva o sujeito destinatário a ser desafiado pelo sujeito destinador. Vejamos, desta maneira, com THALIA, atriz mexicana (Apud ISTO É, 28/06/2000):

Cuidado, senão eu os devoro! Especialmente, os homens (2000: 26)

2.2 – A intimidação acontece através da ameaça do sujeito destinador para com o sujeito destinatário onde está presente a dimensão cognitiva e a dimensão pragmática. Isto acontece, quando o pai ameaça o filho em relação aos estudos:

– Se você vir com nota vermelha, tirarei a mesada.

GREIMAS & COURTES (1989), dentro do exposto, esclarecem:

a) O manipulador (...) proporá então ao manipulado objetos positivos (valores culturais) ou negativos (ameaças); em outros casos ele persuadirá o destinatário graças ao saber*: na dimensão cognitiva*, fará então com que ele saiba o que pensa de sua competência modal sob forma de juízos positivos ou negativos.Vê-se, assim, que a persuasão segundo o poder caracteriza a tentação (em que é proposto um objeto-valor positivo) e a intimidação (em que é proposta uma doação negativa), enquanto a persuasão, segundo o saber, é própria da provocação (com um juízo negativo: “Tu és incapaz de...”) e da sedução (que manipula um juízo positivo) (1989:270).

O texto de FHC sobre Roseana Sarney (VEJA, 28/11/2001: 22) ilustra a forma de manipulação semiótica quando diz: “O Brasil quer uma coisa de mulher, uma coisa positiva”.O “Brasil” como sujeito-do-querer é seduzido pela “coisa positiva de mulher”. Podemos nos perguntar: mas que “coisa positiva” é esta? Podemos relacionar “coisa positiva”, seguindo o parâmetro greimasiano, com os objetos positivos (valores culturais). Fazendo uma ponte com a antropologia, os mesmos (valores culturais) abarcam tudo o que é fabricado pela mão do homem que transforma tudo o que está ao seu alcance, ou seja, são as expressões de sua interferência na natureza. Assim, o que podemos imaginar sobre a ação do homem na modificação da natureza constitui os referido valores culturais, tais como: atividades econômicas (agricultura, comércio e indústria), atividades artísticas (música, artes plásticas, literatura, cinema, televisão, teatro, escultura, arquitetura etc.), atividades científicas e tecnológicas, atividades políticas, atividades religiosas etc. Desses valores culturais, quais que o sujeito destinador “Brasil” quer do sujeito destinatário “mulher”? O sujeito destinador é seduzido ou tentado, ou ambas manipulações, pelo sujeito destinatário? O sujeito destinatário “mulher” seduz o Brasil com a beleza, a simpatia e o sorriso feminino. É o que a revista Veja (14/11/2001: 36) declara sobre Roseana Sarney: “O que aparece na televisão é uma mulher dinâmica, bonita, simpática, sorridente”.

Podemos retirar, a partir da referida declaração, que o dinamismo, a beleza, a simpatia e o sorriso constituem a isotopia textual das propagandas políticas sobre Roseana, ou seja, os lexemas eufóricos ocorrem devido ao seguinte fato, como coloca a revista Veja (14/11/2001):

Sua ascensão é resultado direto de um trabalho de laboratório. Nos últimos três meses, Roseana tem sido a única estrela na propaganda do PFL. Foram setenta inserções em cadeia nacional e duzentos e cinqüenta em redes regionais, de trinta segundos cada uma. Nos comerciais, ela não faz discurso, não critica ninguém, não apresenta propostas nem faz promessas (2001: 14)

Pela lógica, o disfórico, ou seja, o que é negado e não aparece no texto são os lexemas de oposição no aspecto paradigmático, relacionados a seguir: apatia, feiura, antipatia e carranca. Lembremos que dentro da linguagem visual a prossêmica é de suma importância na comunicação não-verbal, onde o visual responde aproximadamente por 55% da apreensão comunicativa.

Quando relacionamos a declaração de FHC com a da Revista, estamos trabalhando com a questão valorativa. Naturalmente que é do ser humana a capacidade de atribuir valores ao que ele faz, (...) avalia (...) a realidade como bela ou feia, boa ou má, agradável ou dolorosa, nobre ou comum, santa ou impura (...) a vida humana é um tecido de apreciações e avaliações (cf. BOCHENSKI 1977: 67). Assim, somos atraídos, ou semioticamente falando, manipulados pela sedução quando algo nos aparece como belo, agradável e santo. O sujeito destinador “Brasil” tem como objeto modal, objeto de valor, o /querer/ a coisa positiva da mulher que na leitura antropológica e filosófica de BOCHENSKI (1977) pode englobar os valores morais, estéticos e religiosos. Os valores morais centram-se na ação /dever-fazer/ e /dever-ser/. Os valores estéticos referem-se ao belo, ao feio, ao elegante, ao rude, ao nobre, ao suave etc. São de outra ordem os valores religiosos. Qual desses valores que o Brasil quer?

Para averiguar a veracidade da “coisa positiva” relacionada com lexemas eufóricos, recorremos às modalidades veridictórias em GREIMAS & COURTES (1989: 487-88) desta forma diagramada:



Podemos verificar as mesmas, modalidades veridictórias, no contexto de onde imanam as imagens propagandísticas – televisão - sobre Roseana Sarney. Portanto, é a partir da isotopia onde podemos retirar os semas profundos do texto em questão. Para encontrar os mesmos, é que fazemos a indagação: o que afirma (euforia) e o que nega (disforia) o texto? Isto constitui o ponto de partida para a análise semiótica do texto. Fora do mesmo (texto), ou seja, o extratextual foge completamente da proposta semiótica objetal, quando, por exemplo, fazemos outras abordagens: sociolingüística e psicolingüística. Assim, toda a significação é retirada no texto.

Por Miguél Eugênio Almeida (UEMS)

Fonte: Filologia

Ódio aos judeus e propaganda



O líder sionista Zeev Jabotinsky, em seu último livro, de 1940, pouco antes de morrer, escreveu que o "ódio aos judeus é o que azeita a propaganda política pelo desenvolvimento e progresso", referindo-se ao que estava sendo feito pelo nazi-fascismo de então. Se atentarmos para esse fato, veremos que tinha razão. Jabotinsky: lembra-nos, entre outros casos, o do ex-presidente do Brasil, Collor, que se elegeu pregando o ódio aos marajás. Jabotinsky dizia que a propaganda com amor não vinga; o que seduz as massas é o ódio, que fez rolar as cabeças, literalmente, na Revolução Francesa e da aristocracia na Revolução Russa, dos judeus nos diversos pogroms e em outras revoltas. O terrorista Yasser Arafat explora o ódio aos judeus para levantar suas massas e alcançar os seus objetivos de "progresso" para os palestinos - construir um Estado palestino sobre os escombros do Estado de Israel. O ódio aos judeus é ensinado às crianças nas escolas palestinas.
Nota-se, ainda, a formação de uma cultura anti-Israel, explorando o ódio que se assenta no anti-semitismo antigo. Os meios de comunicação, no mundo inteiro, informam de maneira tendenciosa, sempre contra Israel. Se dermos uma olhada na Enciclopédia Encarta, encontraremos o vocábulo "Palestina, região histórica, cuja extensão passou por grandes transformações, desde a antiguidade, (...). Atualmente é dividida (...) entre Israel, os territórios independentes palestinos da Cisjordânia e da Faixa de Gaza e a Jordânia". Palestina desde a antiguidade, esse é o nome romano do Estado judeu? Territórios independentes palestinos? A Encarta já criou o Estado palestino e a gente não sabia? Para que o Roadmap? Prossegue o verbete da enciclopédia falando dos cananeus, que ali se estabeleceram três mil anos a.C, etc. O aluno que estuda e consulta a enciclopédia fica sabendo que a Palestina sempre existiu e não que é um nome mais recente do Estado judeu, inventado pelos romanos, fato só encontrado na enciclopédia como pequeno detalhe, se lido o extenso texto. Outros meios de comunicação falam em território árabe ocupado por Israel, quando se dá exatamente o contrário (aliás, a edição de 1994 da Encarta, falava em territórios ocupados por Israel). Assim, o ódio se espalha: esses israelenses ocupam o território palestino... e o associa ao palestino de hoje, que é a tônica da propaganda de Arafat. Lembremos que não havia palestinos depois que Israel foi criado: havia egípcios em Gaza e jordanianos na Cisjordânia. Hoje presenciamos mais uma forma da propaganda para seduzir as massas com fins políticos, pregando o ódio aos americanos, associado ao ódio aos judeus. Afinal, o ódio é que conta, pois a América é a superpotência mundial, e é associada a todos os males e sofrimentos dos subdesenvolvidos e daqueles que pretendem ocupar os espaços do poder, como a França, que pretende retomar o poderio dos seus tempos de imperialismo.
As tentativas de um acordo de paz que permita a convivência pacífica de árabes com os israelenses têm sido infrutíferas porque os líderes árabes têm-se mostrado contrários à presença de um Estado não muçulmano junto aos demais países árabes no Oriente Médio. Quando foi lançado o tal Roteiro da Paz, o Roadmap, dissemos, lembrando de Chico Buarque: "Já conheço os passos dessa estrada, sei que não vai dar em nada...". Esse Roadmap foi preparado, sem o conhecimento prévio de Israel, sob a inspiração da Arábia Saudita, por um Quarteto - que, além dos Estados Unidos, inclui a União Européia, Rússia e a ONU, cujos dirigentes sempre hostilizaram o Estado de Israel. Apesar do Roadmap exigir que a Autoridade Palestina desmantele a sua estrutura de terror, pois esse terror palestino é o grande exportador do terror mundial, o Quarteto tem dado mostras de permitir aos palestinos não cumprir a sua parte. E para isso, também contribuem os meios de comunicação. Quando Israel constrói um muro divisório para vedar a entrada de terroristas palestinos, informam que essa construção contraria o Roadmap. Mas quando um suicida-homicida mata dezenas de israelenses, nada é informado que contraria o Roadmap.
Assim se forma uma opinião mundial contrária a Israel, que até seduz um segmento que se autodenomina progressista, talvez suicida às avessas. Vive-se um estado de guerra. E para estado de guerra é preciso reagir contra a guerra. Os Estados Unidos, devido ao ataque de 11 de setembro de 2001, fizeram a guerra contra o Afeganistão e contra o Iraque, nesse último caso sem o consentimento da ONU. Israel está sendo atacado diariamente e tenta acreditar em esforços de paz, que só fizeram mais israelenses morrerem. Lembremo-nos dos Acordos de Oslo, hoje completamente mortos, apesar do mesmo grupo inspirador tentar uma nova versão, para matar mais israelenses. Custou muito aceitar que Arafat não quer a paz e parece que seu reinado está chegando ao fim. Farouk Khadoumi, chefe do Departamento Político da OLP e Ministro do Exterior, de facto, da Autoridade Palestina, e chefe da delegação palestina na Organização da Conferência Islâmica, reunida agora na Malásia, declara que a luta armada é uma obrigação, como única solução do conflito israelo-palestino, contando com o apoio da Carta das Nações Unidas, pois não é terror, mas luta pela libertação. Portanto, enquanto Israel não responder à guerra não se chegará ao fim do terror palestino e à construção de uma nova era de paz. A paz só se consegue preparando corações e mentes. Com o ódio instilado pela propaganda será difícil a paz. Para declarar guerra, basta um dos lados atacar. Para fazer a paz é preciso a vontade dos dois lados. E Arafat, decididamente, não quer paz.

* Herman Glanz é presidente do Likud no Rio de Janeiro. Foi um dos fundadores e ex-presidente do Grupo Universitário Hebraico do Brasil. Foi Diretor da FIERJ, vice-presidente da Organização Sionista do Rio de Janeiro e do Brasil. É Secretário do Comitê Eleitoral Regional da Organização Sionista do Brasil e 1º Secretário da Chevrá Kadishá do Rio de Janeiro

Fonte: Visão Judaica

Entenda por que a política é odiada



Um dos traços mais inquietantes que podemos observar na mentalidade de nossos contemporâneos é que, neles, a intensidade da revolta político-social está quase sempre na proporção inversa das injustiças e privações que sofreram. Rarissimamente encontramos, entre os pobres e oprimidos, aquela dose quase psicopática de ódio radical que com tanta facilidade aflora nos discursos de intelectuais, de funcionários públicos, de gente da classe média e alta.

Uma primeira explicação - ou desculpa - com que se pode atenuar a estranheza do fenômeno é que a indignação dessas criaturas não brota de uma reação a danos pessoais que tenham sofrido, mas da contemplação, cruciante para suas almas sensíveis, de males infligidos a terceiros.

Essa explicação surge quase por automatismo à simples formulação da pergunta, e ela parece até superlativamente satisfatória, na medida em que não somente explica, mas justifica. Não sendo a expressão de mágoas pessoais, mas de um zelo impessoal pela defesa de direitos alheios, a indignação político-social já não é um simples sentimento, um fenômeno psíquico qualquer que pudesse necessitar de explicação, mas a expressão de um juízo moral obrigatório.

A questão parece, pois, resolvida, o estranhamento dissipado in limine.

Tudo estaria bem se não observássemos a facilidade com que o cumprimento desse suposto dever moral impessoal assume a forma de um ódio pessoal, visceral, profundo e avassalador a certos indivíduos, que aos olhos do indignado personificam ou representam as causas da injustiça, mesmo quando estas causas, no mesmo instante, são explicadas por forças históricas e sociológicas tão impessoais quanto as razões morais alegadas para legitimar a indignação.

Hannah Arendt diante de Eichmann meditava sobre a “banalidade do mal”, subentendendo a inexistência de ódio pessoal na máquina burocrática de extermínio comandada pelo célebre genocida. Mas, enquanto a filósofa se perdia nessas considerações, o psiquiatra Leopold Szondi, em exaustivos testes de personalidade (depois publicados em "Caim e o Cainismo na História Universal"), demonstrava acima de qualquer dúvida razoável a quantidade excepcional de ódio que latejava na alma do carrasco. Sem esse ódio, ele não poderia comandar pessoalmente a máquina impessoal. A lógica do homicídio desenvolvia-se aí em dois planos. No plano da legitimação ideológica, o “judeu” que cabia a Eichmann exterminar era uma entidade coletiva abstrata, um fator sociológico que o partido lhe dissera ser a causa dos males da Alemanha. No plano da ação diária, porém, esse fator sociológico a ser exterminado tomava a forma de seres humanos de carne e osso, que eram mandados para o matadouro em pessoa. O que era exterminado neles não eram os caracteres familiares, religiosos ou culturais que faziam deles "judeus": era simplesmente o seu corpo. A passagem da sentença coletiva para a execução individual era tão problemática, do ponto de vista do senso comum, que não se podia operar sem o concurso de uma poderosa força psíquica: o ódio político. O ódio político, impessoal nos seus motivos, pessoal no seu objeto, consiste precisamente nessa incongruência viva: odiar um homem por algo que, admitidamente, não é ele, ou que ao menos não é propriamente ele.

O ódio político não pode, pois, em última análise, surgir nem desenvolver-se sem uma concomitante cisão esquizóide da consciência, indispensável a que um ser humano adulto aceite devotar-se seriamente à operação mágica de tentar suprimir universais abstratos por meio da destruição de um certo número de seus exemplares individuais -- matar cavalos na esperança de suprimir a cavalidade.

Não há dúvida de que esterilidade intrínseca dessa operação é uma das causas da proliferação epidêmica de atos de violência ritual que, quanto mais se afastam do resultado esperado, tanto mais se reproduzem por absoluta incapacidade de gerar qualquer outra coisa senão sua própria repetição compulsiva.

Também não há dúvida de que o próprio ódio pode, em ricochete, apagar de tal modo no agressor sua consciência da humanidade de suas vítimas, que a motivação do crime se transmute como que numa impessoalidade de segundo grau: nas palavras de Che Guevara, o guerrilheiro que “no pierde la ternura jamás” é o mesmo que aspira a se transformar numa “eficiente e fria máquina de matar” (palavras textuais). Como ninguém pode ao mesmo tempo estar imbuído de ternura e de frieza assassina para com um mesmo objeto, a ternura e a frieza têm, logicamente, objetos distintos: o guerrilheiro é terno diante de uns, friamente assassino diante de outros. O que separa essas duas classes de objetos é um critério ideológico impessoal, mas o resultado disto é que o guerrilheiro, ao matar impessoalmente pessoas de carne e osso, tem de lhes recusar a condição de pessoas, que as habilitaria a ser objetos de ternura: a vítima deixa de ser pessoa no instante mesmo em que, sob a alegação de motivos impessoais, é pessoalmente assassinada. “Endurecer sín perder la ternura” é a fórmula de uma cisão esquizofrênica voluntária, que busca reafirmar a humanidade do assassino no instante mesmo em que a nega na vítima por meio de um artifício lógico já antecipadamente admitido como falso.

Gerado no ventre de um erro lógico, alimentado por um auto-engano existencial, o ódio político, com todas as suas pretensões de alta moralidade, é um dos mais desprezíveis sentimentos humanos. E hoje permitimos que, a pretexto de "educação", esse sentimento seja instilado no nossos filhos desde a mais tenra infância.

Por Olavo de Carvalho

Fonte: Olavo de Carvalho

Chegou a vez do Mobile

terça-feira, 20 de maio de 2008

Especialistas americanos em marketing político têm apontado que mobile exercerá nas eleições de 2008 o mesmo papel vital que a internet em 2004. Nessa corrida, o pré-candidato democrata Barack Obama saiu na frente, bem na frente.

Na medida em que é o mais bem cotado entre os jovens eleitores, o senador tem utilizado o celular como uma forma rápida, eficiente e próxima de falar com seus seguidores. A plataforma mobile de sua campanha pode ser acessada pela internet clicando aqui, ou enviando um SMS com a palavra GO para OBAMA (62262).

O cardápio mobile de Obama inclui downloads de conteúdos como wallpapers e ringtones, além de grande sorte de informações e alertas via SMS. É possível, por exemplo, seguir os passos do Senador e saber sobre palestras, eventos e debates dos quais ele participará, bem como receber newsletters sobre assuntos específicos como saúde (enviado HEALTH para o mesmo 62262), educação, Iraque, empregos, etc. O celular também é usado para receber feedbacks instantâneos após debates e tornou-se canal direto para enviar mensagens e perguntas para Obama.(...)"

Fonte: Carnet de notes

Barack Obama - Yes We Can [vídeo/música]






* Este vídeo faz referência a matéria da Revista Meio Digital.

Fonte: You Tube

O marketing político de Hitler




A foto que hoje ilustra este espaço é inédita, uma imagem extraordinária. Uma preciosidade, não sei avaliar o seu valor, mas certamente é uma foto que o mundo precisa conhecer, por isso a estamos divulgando na internet. Andava eu folheando a minha coleção da revista “The Sphere”, um semanário que circulou na Inglaterra em inícios do século XX, quando me deparei na página 6 da edição de 17 de maio de 1924 com a dita imagem. A legenda diz tratar-se de partidários do “Nacional Socialista” fazendo campanha para as eleições gerais do parlamento alemão. Se repararmos no sujeito que está dirigindo o carro (volante à esquerda) verificamos que é muito parecido com o Führer, mas nada podemos afirmar à respeito, pois em abril de 1924 Hitler tinha sido condenado a cinco anos de prisão, pena mais tarde reduzida. E a foto refere-se teoricamente, o semanário não esclarece, à campanha para as eleições realizadas em 4 de maio desse ano.
Mas, o que chama a atenção na foto são as técnicas de marketing político praticadas na época quando, segundo os biográfos, o Führer cuidava exatamente do Departamento de Propaganda do NSDAP. Reparem no veículo todo coberto de cartazes exibindo a suástica, símbolo recém adotado pelo partido, merchandising de alto impacto. Essa agitação de rua era um de seus diferenciais, tanto que chamou a atenção do correspondente da revista em Munique, a ponto de merecer uma foto, ainda que o “Nacional Socialista” tenha obtido apenas 6, 55% dos votos e 32 das cadeiras em disputa.
Esta foto é sem dúvida um achado. Na internet não há nenhuma outra imagem de campanha política do partido de Hitler, naquele tempo, ou seja 10 anos antes de sua ascenção ao poder e 15 antes do início da guerra.

Por Nelson Varón Cadena

Fonte: Almanaque da Comunicação

Marketing político na web



A Web é um veículo importantíssimo de comunicação e, ao que parece, alguns políticos estão acordando para esta realidade. No Brasil, nas últimas eleições, já houve um salto significativo no número de candidatos com sites de campanhas (não vamos discutir a qualidade de cada um). Nos Estados Unidos, Hillary Clinton tem um site dedicado à sua campanha presidencial, onde divulga press releases para a imprensa e tem um projeto de blog. Segundo os jornais The Times e The Washington Post, “os candidatos e suas equipes vêem os vídeos na Internet como uma ferramenta barata e potencialmente significativa para contar sua história de campanha sem o filtro da mídia tradicional”, dizendo que este tipo de tecnologia “permite aos candidatos demonstrar uma afinidade com a modernidade e ao mesmo tempo permite a eles controlar sua mensagem de uma maneira que uma entrevista coletiva ou entrevistas na TV não permitiriam”.

Um site político pretende ser uma ferramenta de apoio de campanha permanente, além de transmitir uma certa transparência para o eleitor, que tem diversas informações a seu alcance em qualquer horário ou dia do ano, numa tentativa gradual e constante de conquistar o público. No Brasil, a maioria dos políticos se vale deste recurso apenas na época de eleições, já que o governo disponibiliza, gratuitamente, domínios do tipo.can.br para os candidatos. Os sites destes domínios ficam disponíveis na web por apenas 3 meses, aqueles antecedentes às eleições.

Assim, às vésperas do voto, vemos uma corrida desenfreada dos comitês políticos à caça de um webdesigner que faça o site da campanha “bem baratinho”, já que não há verba suficiente - na maioria dos casos - para custear um portal decente. Os resultados são sites mal-feitos às pressas, com erros de português, páginas em construção (porque “aquele texto não ficou pronto a tempo”) e notícias atrasadas. Aproveitando-se deste filão, empresas de hospedagem e até mesmo de desenvolvimento, oferecem soluções prontas especiais para o candidato: templates de páginas fáceis de configurar e editar, de forma que o próprio ou seu comitê possa construir o site. Ninguém se preocupa com o fato de poder encontrar o candidato concorrente com o mesmo layout de site.

O marketing político tem como principal objetivo a fidelização do cliente (eleitor), mas ainda não descobriu o poder da Internet para tal. Não basta fazer uma pagininha que tenha sua biografia e um banner tosco em gif animado “vote no fulano”: em tempos de Web 2.0, esperto é aquele que se vale de comunidades, blogs, fóruns e afins para interagir com o eleitorado e a imprensa. E que sejam permanentes, para que se possa acompanhar todo o histórico de ações do candidato e não precisar escolher o menos pior numa vitrine de 3 meses.

Mas os candidatos brasileiros, definitivamente, ainda não acordaram para esta realidade. Ou não estão nem aí pra ela.

Fonte: Juliana Padron

Lobby na web

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Cria-se um novo espaço para o exercício da democracia participativa e uma oportunidade de mercado para as empresas de marketing politico: o Lobby na Web. A web permite que lobby possa ser visível, transparente, um canal de comunicação entre a sociedade e os Três Poderes - Legislativo, Executivo e Judiciário.
A web permite também o desenvolvimento de nanomarketing na politica a medida que a comunicação passa ocorrer de forma direta e com a linguagem adequada a cada microtargeting.
Antes de ser um consenso a atividade de lobby na web, ja tem provocado acaloradas discussões nos Estados Unidos com materias no New York Times. No Brasil vivemos bom exemplo deste no canal de lobby: no tumultuado caso Renan o Jornal, por exemplo O Globo (14.09.07) destaca na sua primeira pagina o efeito da pressão dos eleitores via web, na votação do pedido de cassação do Senador Renan Calheiros: “Protestos paralisam site e telefones do Senado; página oficial fica sete horas fora do ar; Prodasen alega pane técnica, mas funcionários atribuem à enxurrada de mensagens.
Entre 10 horas e 17 horas não era possível abrir a página na internet nem enviar mensagens ao senadores. O Lobby também foi exercido via email ou nos sites pessoais dos parlamentares:
1. O Deputado Fernando Gabeira recebeu mais de 1,0 milhão de visitas.
2. O Senador José Agripino recebeu cerca de 7 mil e-mails de eleitores indignados com o resulatdo da votação.
3. O Senador Arthur Virgilio recebeu 1.043 emails sobre o mesmo tema.
4. O autor do Relatório do Conselho de Ética Senador Renato Casagrande recebeu cerca de 5,0 mil emails.Compilei estes dados em matérias publicadas no Globo e Jornal o Dia na Coluna Jan Theofilo.
No site do SenadorRenan Calheiros os seus correligionarios expressaram a sua aprovação pelo resultado da votação. Não se pode medir agora os impactos destas veiculações, mas certamente cria-se um novo espaço para o exercício da democracia participativa: WebLobby. Os mecanismos de pressão no Legislativo, Executivo e Judiciario, fazem parte do processo politico na democracia e a web torna-se um novo canal para o exercicio da cidadania política - Pressionar é Preciso.

Fonte: Blog do sotero

Passo a passo de uma campanha de marketing político



O Marketing Político vem se consolidando cada vez mais como peça fundamental no processo eleitoral. Estes são as técnicas e conceitos mais modernos e eficazes, garantindo uma campanha estruturada, marcante e eficiente.

Uma campanha de marketing político

A eleição

É impossível pensar em eleições, nos dias de hoje, sem pensar numa estrutura de marketing atuando em todos os segmentos do eleitorado.
Propaganda eleitoral deixou de ser apenas o ato de imprimir alguns milhares de folhetos coloridos e pichar os muros da cidade com o nome do candidato.
As campanhas eleitorais deixaram de ser intuitivas e se tornaram racionais, os palpites gratúitos cederam lugar à pesquisa; os temas principais, com determinadas palavras-de-ordem, aparentemente corretas mas aleatórias, agora têm origem em slogans com conceito e estratégia. Enfim: a propaganda política deixou para trás o amadorismo para se tornar profissional.
Comparando com campanhas de produtos e serviços: de um lado está o produto/serviço; do outro, o mercado consumidor. Na campanha eleitoral, de um lado o candidato e do outro os eleitores.
Existem alguns requisitos básicos para o sucesso de uma campanha eleitoral:
1. a existência de planos estratégicos, de orientação geral e detalhamento de atividades, tempo e recursos;
2. a existência de mão-de-obra especializada em propaganda;
3. a existência de um monitoramento durante todo o processo.

O Marketing Político

Marketing Político são todos os recursos utilizados na troca de benefícios entre candidatos e eleitores.
Esses benefícios, no sentido candidato-eleitores seriam, essencialmente, as promessas, as vantagens do candidato e a sua linha de comunicação. No sentido oposto, ou seja, eleitores-candidatos, são os votos e as informações necessárias para obtê-los.
Alguns elementos compõem o quadro de planejamento de uma campanha de marketing político:
1. o meio ambiente em que se realiza a campanha eleitoral e que vai proporcionar oportunidades e ameaças ao sucesso de um candidato;
2. a administração da campanha eleitoral, que é a sua principal força de vendas, formada pelo próprio candidato, o seu partido político e os grupos de interesse alinhados com a sua candidatura;
3. o conceito de produto, que é a filosofia política do candidato, a escolha de temas específicos a serem tratados e a definição de suas posições a propósito dos temas. Além da formulação e da adoçäo de um estilo pessoal que conserve e amplie suas qualidades.
4. canais de comunicação e distribuição, que envolvem decisões e ações a respeito da utilização de mídia de massa e seletiva, aparições voluntárias, auxílio voluntário e partidário;
5. segmentos de eleitores diferenciados;
6. acompanhamento e revisão contínua e sistemática de resultados que impliquem em reorientação da campanha.
Além dos eleitores propriamente ditos, há outros grupos que precisam ser estimulados, tais como o partido político, os contribuintes da campanha eleitoral e os grupos de interesse alinhados à candidatura. Para isso, a Assessoria Política da campanha deverá canalizar de maneira adequada o seu potencial em função das necessidades imediatas.

O Candidato

O candidato obtém preferências com base:
• no seu nome
• no seu talento pessoal em dar início a uma reação emocional
• na sua habilidade em utilizar a mídia de massa
• na sua capacidade de se projetar.

1. Além disso, há todo um processo de desenvolvimento pelo qual o candidato deve passar:
2. Apresentar uma personalidade bem definida. Como acontece com os produtos, uma imagem de qualidade;
3. Ainda na comparação com o marketing de produtos, deve identificar-se com uma instituição que lhe dê apôio e credibilidade: a própria inscrição partidária;
4. Definida a personalidade e colocada esta dentro de um contexto de organização (o partido), o candidato deverá impor a sua marca (o seu nome).

Em resumo, o candidato deve:
1. planejar formalmente a sua estratégia de campanha, sua postura diante dos problemas, sua propaganda, suas aparições, sua base para a obtenção de fundos, sua monitoria da situação, seus objetivos, sua alocação de recursos e o tempo de que dispõe para obter a aprovação dos eleitores;
2. construir uma forte organização de ações, capaz de reforçar, durante todo o processo, as posições assumidas durante a campanha eleitoral, sem que ocorra a perda de campos já conquistados.

O candidato e o partido

A importância do partido político no universo do candidato deve ser medida dentro dos seguintes parâmetros:

1. o partido está para o candidato como a empresa para o produto. Ele significa um sistema que detém um conjunto de recursos para atingir os eleitores. Assim, como não existe produto sem uma empresa que identifique a sua origem, não existe candidato sem partido.
2. o partido, então, pode ter uma imagem que acrescente ou subtraia. Porisso, é importante saber se o partido agrega imagem positiva ao candidato, assim como o nome de uma empresa de prestígio no mercado acrescenta prestígio a um produto.

Os componentes do marketing político

1. A Pesquisa de Mercado
A pesquisa de mercado procura descobrir o que vai ao encontro dos interesses do eleitor, identificando as suas necessidades, seus desejos e seus valores. Com isso, o candidato pode desenvolver estratégias com uma margem de erro muito menor.
Numa campanha eleitoral, devem ser pesquisados o tamanho do mercado e a sua segmentação, o que qualifica o eleitor, o potencial deste mercado com base em padrões históricos de voto, a opinião dos eleitores em torno de assuntos importantes e sobre posições assumidas.
O resultado da pesquisa pode determinar o próprio conteúdo da mensagem do candidato.

2. O conceito e a estratégia do candidato

O que vincula um eleitor a um candidato é a imagem deste último.
Esta imagem, mesmo quando já existente, pode ser planejada e trabalhada. Por outro lado, é preciso ficar atento a como o eleitor está percebendo esta mensagem. Isto precisa ser sistematicamente conferido.
A imagem planejada de um candidato deve conceituar adequadamente sua maneira de se vestir, suas maneiras, suas declarações e o conjunto das suas ações. O objetivo é que o candidato tenha uma aparência e um comportamento que correspondam à percepção e aos desejos do eleitor.
Para conceituar o candidato e definir sua estratégia:
• definir, com base em pesquisa de mercado, um tema para o candidato, em torno do qual o interesse do eleitor será construido.
• identificar os principais problemas e a maneira como são encarados e sentidos pelos eleitores;
• excluir os conceitos não desejados em razão da personalidade e dos antecedentes do candidato;
• testar o conceito escolhido através de pesquisas periódicas;
• decidir sobre a adoção de mais de um conceito, sendo um principal e outro, ou outros, secundários, desde que plenamente compatíveis.

3.Estratégia de Comunicação

O conceito do candidato é a base para o plano de comunicação da campanha.
Para um programa de propaganda paga ou gratúita, devem ser tomadas as seguintes providências:
1. definir a mensagem básica da campanha
2. definir a melhor maneira de apresentar visualmente o candidato;
3. definir as pesquisas que serão veiculadas;
4. definir os veículos adequados para a veiculação;
5. elaborar os programas orçamentários de produção e veiculação da campanha, que devem ser detalhados toda semana até a data de realização das eleições.
Paralelamente, deve ser desenvolvido um programa de aparições pessoais do candidato. Este programa deve ser controlado pela Assessoria Política.
É preciso ficar atento, neste programa, para as limitações de tempo do candidato. É bom lembrar que o candidato tem, ainda, a responsabilidade de motivar o partido, seus cabos eleitorais e os eleitores comprometidos com a campanha.

4. Programa de Trabalho Voluntário

Inúmeras pessoas devem ser treinadas para compor grupos de trabalho voluntário na campanha.
Entre as tarefas do trabalho voluntário estão as de preparação de eleitores e auxiliares, a participação como oradores para platéias específicas, o envio de malas-diretas, o levantamento e registro de votos, o transporte e alimentação dos eleitores no dia das eleições, entre muitas outras funções.
Para que a Assessoria Política consiga gerenciar bem o trabalho voluntário, deve:
1. valorizar o partido como centro de decisões
2. estar sempre motivando os colaboradores;
3. estabelecer objetivos e metas para a equipe voluntária;
4. estabelecer um sistema de controle de realizações;
5. treinar o pessoal e acompanhar de perto o seu trabalho

Fonte: Uma coisa e outra

Campanhas digitais alteram rumo da história



Política 2.0 – As eleições na WEB
A Política invadiu a internet. Ou vice-versa, você escolhe. Mas o palanque digital está na vida de cada um de nós, agora de forma definitiva e irreversível. O que analistas, pesquisadores e homens de marketing político acham disso?
Surgiu este ano o primeiro “político 2.0”. Alias, um político de destaque: Barak Obama, que alcançou-se com rapidez meteórica de uma posição quase anônima para o topo da disputa pela presidência dos Estados Unidos. Trabalhada em suas mais diversas possibilidades, a internet foi fundamental nessa ascenção. (ver box abaixo)



Tabela 2 Fontes de informação sobre a campanha eleitoral para as diferentes faixas etárias (%)


Tabela 3Onde o público se informa sobre a campanha eleitoral (%)

Mas também no Brasil os profissionais dedicados ao marketing político vêem na web uma ferramenta já quase indispensável, que deve ganhar mais espaço nas eleições municipais deste ano. Em 2010, pode até ser a mídia central na comunicação de alguns candidatos.
Para explicar essa adequação da internet ao marketing político, é preciso lembrar que, mesmo permitindo comunicação massiva, ela pode dar ao eleitor uma sensação de participação capaz de arejar um ambiente político que hoje desperta pouco interesse. Tem ainda a rapidez necessária a uma comunicação na qual são indispensáveis respostas extremamente rápidas, além de possibilitar dirigir essa comunicação a targets muito específicos.
Mas – e não poderia ser diferente na Web 2.0 – a opinião política dos internautas não se forma apenas nos sites oficiais dos candidatos, partidos ou mídia: é decorrência também- certamente em escala bem maior- dos conteúdos e discussões em blogs e redes de relacionamento.
Já nas eleições de 2006, blogs e redes sociais desempenharam papel relevante, afirma Marcelo Coutinho, diretor de análise de mercado do IBOPE Inteligência, que naquela ocasião, juntamente com outros professores da Escola Superior de Propaganda e Marketing, estudou a influência desses espaços virtuais na discussão política. “Eles registraram intensa atividade, especialmente para os eleitores discutirem a política em seus próprios termos, contrapondo-se às informações dos candidatos e da mídia”, lembra Coutinho.
Essa constatação traz uma lição: “Não adianta usar a web para uma comunicação de mão única, é necessária uma estrutura capaz de dialogar com o público”, ele recomenda.

Agilidade e multiplicação

Nos Estados Unidos, a importância de blogs e redes sociais na comunicação política foi avaliada em pesquisa divulgada em janeiro pela Pew (instituição de dedicada ao estudo dos impactos sociais na web). Ela revela que MySpace e YouTube já têm papel importante na formação política dos eleitores, especialmente dos mais jovens. E um blog – o Drudge Report – é quase tão significativo quanto a operação online de uma marca do porte de The New York Times. (ver Tabela 1)


Tabela 1 Onde os internautas norte-americanos obtêm informações sobre a campanha eleitoral

Por isso, políticos não podem mais ignorar blogs, crê o jornalista Ricardo Noblat, pioneiro na consolidação desse formato no debate político nacional (criado no inicio de 2004, seu blog recebe mais de 700 mil visitantes únicos por mês). “Os políticos já acompanhamn atentamente os blogs, e chegam até a utilizá-los para divulgar informações que depois chegam a outras mídias”, diz ele.
Noblat prevê que o blog crescerá tanto no jornalismo político quanto na divulgação de partidos e políticos: “É um formato muito ágil e tem enorme capacidade de multiplicação das informações”, justifica.
O poder dos blogs como ferramenta política já foi sentido pelo ex-presidente José Sarney, que em 206 concorreu ao cargo de senador pelo estado do Amapá. Sua condição de “forasteiro” – sua trajetória política desenvolveu-se no Maranhão – foi um dos motes da campanha ‘Xô, Sarney’, lançada no blog de uma jornalista local.
O candidato moveu diversas ações judiciais contra ela, mas a reação teve efeito inverso: em menos de um mês, centenas de blogs aderiram à revolta contra ele, e profissionais de sua campanha chegaram a temer por seu êxito caso a eleição demorasse mais alguns dias.
Mas a internet integrou-se à comunicação política antes mesmo de 2006. Em 2002, os profissionais da campanha de José Serra à presidência da Republica estruturaram um grupo composto por cerca de 25 mil voluntários para participar de fóruns virtuais e enviar e-mails. “Esse trabalho foi muito importante, especialmente no segundo turno”, lembra Moriael Paiva, coordenador do trabalho de web dessa campanha e hoje gerente de comunicação da agencia de marketing digital Knowtec.
Detalhe: havia então no Brasil 11 milhões de internautas, hoje são mais de 40 milhões. “Em determinadas eleições, para determinados candidatos – como aqueles com propostas focadas nos jovens -, ela já pode até ser a principal mídia”, pondera Paiva.

Adeus à imagem

A imagem publica e pessoal passada pelo político, por meio de postura corporal e tom de voz, sempre foi fundamental. Na web, esse conceito é porem menos definido, pois se receptores são também os emissores das informações, não é possível seguir a rotina tradicional: a imagem é construída – geralmente com o uso de pesquisas - , divulgada e, se necessário, ajustada e retocada.
Porém “a imagem do candidato será negociada e confrontada com as mais diversas e díspares opiniões” , destaca Fabiano Carnevale, secretário nacional de comunicação do PV (Partido Verde).
O inovador dialogo web pode ser também estimulado através da comunicação criada “espontaneamente” por simpatizantes (entre aspas, porque a aparente espontaneidade pode ocultar incentivos profissionais). Nos Estados Unidos, essa possibilidade rendeu dividendos a Barak Obama através de vídeos como ‘Vote Different’ – inspirado no slogan e em um célebre filme veiculado pela Apple nos anos 80- , que foi colocado no YouTube, e no qual sua adversária Hillary Clinton era vinculada à figura do “Grande Irmão”. Os profissionais a serviço de Obama negaram a autoria da peça, mas muitos duvidaram dessa informação.
Segundo Carnevale, peças produzidas fora das estruturas das campanhas podem ter mais êxito que as oficiais e, se não podem controlá-las, os profissionais de marketing poderiam, eventualmente, pensar em estimula-las. “As presença na interne deve ser flexível para saber tirar proveito dessas atitudes isoladas”, ele diz.

Ferramenta cidadã

Nas eleições municipais deste ano no Brasil, a internet deverá ser ainda utilizada basicamente nos formatos mais convencionais – como sites e grupos de discussão- ,crê Paulo de Tarso da Cunha Santos, sócio-presidente da agência Matisse. Ele acredita que esse uso mais contido se deve a uma legislação ainda vaga, que não abrange todo o espectro de possibilidade de canais e plataformas digitais.
Mas Santos prevê: em cidades médias ou grandes, não haverá candidatos a prefeitos que não mantenham ao menos um site no ar. E a web avançará ainda mais: “Caminhamos para a hiper-segmentação, algo muito viável através da internet”, projeta.
Eduardo Jorge Pereira, vice-presidente executivo do PSDB, lembra ser ainda limitado, no Brasil, o acesso à web pelas camadas sociais de menor renda, nas quais estão os maiores contingentes de eleitores. Apesar disso, o publico impactado por ela recebe cada mensagem com um toque mais pessoal, o que pode contribuir para estimular a mobilização em torno de uma determinada proposta ou candidatura. “E tudo o que aparece na internet, inclusive as coisas mais absurdas, ganha ares de verdade”, diz Pereira.
As características da web podem impactar tanto positiva quanto negativamente um político, mas a noção de cidadania do candidato, quando bem trabalhada, pode ser beneficiada por ela. Blogs são manifestações espontânea dos internautas e podem se transformar em mídia de referencia junto a nichos do eleitorado. Pode assim ampliar a visibilidade de políticos sem a necessidade de uso do espaço na mídia tradicional.
A web serve também como antídoto para a propalada “falta de memória” do eleitor brasileiro, ou para os tradicionais desmentidos de inúmeros políticos, uma vez que garante o acesso a vídeos e informações com passagens que muitos candidatos talvez preferissem esquecer.
Além disso, destaca Índio Brasileiro, sócio-diretor da empresa de estratégias online I-Group, a internet contribui com a cidadania, porque permite aos eleitores relacionarem-se com os políticos antes e após eleições. E, mantendo registrados os diálogos e as informações referentes a esse contato, pode tornar-se instrumento de cobrança para as inevitáveis promessas eleitorais. “Algum dia, haverá um sistema que, funcionando via internet, permitirá solicitar a saída de políticos que não cumpriram suas promessas”, prevê o diretor do I-Group.

Redes na rede

Uma rede de contatos e relacionamentos é o que faz inúmeras formas de instituições sociais se proliferarem. É o caso da igreja, das torcidas de futebol e da própria atividade política. Pois a web é uma rede eletrônica, com avançados recursos digitais, prontinha para ser usada no ambiente das eleições. “Ela potencializa a possibilidade de criação de redes de uma forma nunca vista antes”, enfatiza Carlos Bottesi, professor das disciplinas Redes Convergentes na Unicamp e Novos Espaços Políticos na Universidade de São Paulo.
Nos Estados Unidos, conta ele, estudos dedicados à importância da internet no marketing político trouxeram à tona a figura da CPO (Cidadão Político Online), que, longe de ser um nerd ou um geek isolado de sua realidade, é um poderosíssimo formador de opinião (em 2004, representavam 7% da população do EUA). “Nossa realidade parece-me muito mais próxima a essa e o investimento nesse meio de comunicação pode representar o diferencial entre uma campanha bem-sucedida ou derrotada”, diz o professor.

Fonte: Imagens e Texto retirado da Revista Meio Digital – Maio/Junho 2008 – Coluna: SANTOMAURO, Antonio Carlos. p. 47